O longa-metragem que conta a história da dupla Claudinho e Buchecha entra pra história com uma história potente e inspiradora.
Já adiantando a ideia de começo: a Redley tira onda e foi um dos grandes hits do streetwear na década de 1990. Além de influenciar a cultura até os dias de hoje, vemos em “Nosso Sonho” toda uma caracterização que se ambienta no estilo da época, trazendo um escopo mais forte para a entrega visual que o longa trouxe.
O funk nacional deve muito a Claudinho e Buchecha. O legado da dupla foi muito bem retratado no filme, mas no meu ponto de vista, a demora de 20 anos para o lançamento de uma cinebiografia dos artistas, é apenas um reflexo da marginalização do funk, que pode ser vista todos os dias ao nosso redor.
Eduardo Albergaria, que dirigiu o Nosso Sonho, traz um olhar interessante sobre o passado dos artistas, afirmando a urgência e os sentimentos à flor da pele de um momento histórico da nossa cultura. Na obra, vemos uma aposta interessante do diretor sobre a vida íntima da dupla, revisitando seus dramas, suas conquistas e toda a luta que ambos precisaram travar para chegar ao topo das paradas.
O roteiro escrito por Albergaria, Fernando Velasco, Maurício Lissovsky e Daniel Dias foi muito bem montado, fortalecendo a relação de troca entre Juan Paiva e Lucas Penteado que interpretam Claudinho e Buchecha no filme.
Ao entender como a história dos artistas foi traçada e os passos antes da fama, é possível notar pequenas licenças poéticas, utilizadas pelo roteiro e pela direção com o intuito de encaixar a caminhada dos funkeiros com a “jornada do herói”, muito construída no cinema, mas mesmo assim, a história brilha em cada escolha narrativa.
Por fim, nosso sonho que dá aulas de atuação, com muito carisma, dá aulas no quesito figurino, onde a Redley se destaca em diversos momentos, trazem nostalgia, mas também reafirmam o legado que o jeito de Claudinho e Buchecha fazerem funk deixou marcado em nossos corações.