Com 30 anos de carreira na porta, desde “Usuário” do Planet Hemp, Marcelo D2 não para de se reinventar. IBORU, seu mais recente disco, é uma prova viva de que os gêneros marginalizados pela sociedade merecem estar no topo.
Ao longo das últimas décadas, desde “Eu tiro é onda” de 1998, o primeiro e mais raro, (na minha opinião) disco de rap do Marcelo D2, vejo sua evolução enquanto artista, mas mais que isso, o potencial da sua experimentação, indo do rap ao samba, tendo sua carreira “estourada” no Rock, passeando pelo Jazz e agora definitivamente fazendo samba com produção de Rap.
O Hip hop e o Samba
Quem acompanha a carreira do artista nota que em “Marcelo D2 canta Bezerra da Silva”, ele já havia dado fortes indícios da sua vontade de fazer um disco inteiramente de samba. Desde ali, sua contribuição para o Hip hop já tinha sido mais do que dada, os bastões para as próximas gerações já tinham sido passados, mas ele continuou, e continua até hoje influenciando.
Avançando alguns anos, chegamos no projeto “Marcelo D2 e um punhado de bamba”, que tive a oportunidade de viver esse momento, tanto no show de estreia, quanto no Circo Voador, no carnaval de 2024. O que eu vi foi majestoso.
No primeiro encontro no Cacique, o disco ainda não tinha sido disponibilizado, mas nesse segundo momento na Lapa, sim.
Nesse segundo show tinha 808, (elemento utilizado normalmente nas batidas de rap) tinha Hi Hat, entre vários outros recursos interessantes, que você jamais associaria ao samba e aquilo me deixou empolgadíssimo, como há muito tempo eu não ficava.
E enfim… IBORU
Já chegando de cara, o projeto conta com participações de peso como: Zeca Pagodinho, Xande de Pilares, Alcione, B. Negão, Nega Duda, Mumuzinho, Romildo Bastos, Mateus Aleluia e os integrantes da banda Metá Metá.
Se a escalação desse time não é forte, eu já não sei mais o que é música boa. Mas aqui, a questão é que D2 soube orquestrar de forma impecável todos esses nomes. Com produção assinada por nomes como Nave e Mário Caldato, IBORU que vem do Yorouba, é traduzido como “Que sejam ouvidas as nossas súplicas”, sendo um marco na carreira do artista.
D2 mudou o figurino, mudou a forma de comunicar seus trabalhos, passou a andar diariamente com suas guias em shows e apresentações e é notável ver o quanto sua fé e sua ligação com a espiritualidade passaram a ser mais evidenciadas a partir desse projeto.
Em um tweet, D2 aponta:
Pra fechar, o projeto vem junto de um curta, que capta toda a essência e o peso da obra, mas se fosse pra fechar uma sugestão, a indicação seria: curta o show e viva uma experiência totalmente diferente de outros trabalhos do D2. Vale a pena.