A Redley tá sempre de olho nas novidades e pra quem é fã de música, o audiovisual carrega um valor simbólico pros artistas e pro público, mas será que as pessoas ainda assistem clipes?
Videoclipes são de certa forma ferramentas no marketing musical. Apesar disso, assim como a música, são por si só verdadeiras obras, reflexo da necessidade de comunicar e expressar artisticamente ideias, sentimentos e narrativas.
Clipes podem potencializar as narrativas presentes em suas músicas, podendo, também, ultrapassar barreiras tornando-se grandes marcos do nosso imaginário.
Muitos clipes se tornaram verdadeiras obras ao terem um impacto tão grande a ponto de imortalizar as músicas das quais são tema. Grandes exemplos são “Thriller” de Michael Jackson e, mais recentemente, “This is America” de Childish Gambino.
Estamos assistindo menos clipes?
Em abril deste ano, a rapper Duquesa lançou o clipe do seu single “Tá Eu e a Nicole”, com visuais impecáveis que já nos davam um gostinho sobre o que esperar do seu novo álbum, “Taurus 2”.
No Twitter, a rapper brincou sobre ter deixado seu público mal acostumado com bons clipes. E não mentiu! Desde que se popularizou com o clipe de “Taurus”, Duquesa só entrega clipes e visuais da melhor qualidade.
Com sua brincadeira, a rapper despretensiosamente trouxe atenção para um fato: apesar da qualidade incrível dos seus clipes, tem sido difícil alcançar um número de visualizações expressivas que correspondam ao que o trabalho criativo merece.
Isso não é um problema só para Duquesa. É cada vez mais difícil alcançar o público com materiais visuais longos, por mais incríveis que sejam. Fazendo com que, cada vez menos, os artistas e gravadoras se interessem em produções audiovisuais. Por que isso é um problema?
Celebrando os clipes BR
Desde os primeiros passos nos programas de televisão das décadas de 60 e 70, até a revolução da MTV Brasil nos anos 90, os videoclipes se fizeram presente como uma forma de arte e comunicação.
A MTV Brasil foi um marco na popularização dos videoclipes, introduzindo uma nova forma de consumir música e estabelecendo padrões estéticos que influenciam até hoje.
Nos anos 2000, a ascensão do YouTube e das redes sociais democratizou ainda mais a produção de videoclipes. Artistas independentes ganharam espaço para divulgar seu trabalho e a produção de videoclipes se tornou uma ferramenta essencial para alcançar audiências globais. Esses são alguns exemplos de clipes icônicos do nosso cenário nacional:
A Carne – Elza Soares (2003)
Racionais – Vida Loka 2 (2004)
Na Sua Estante (2008)
Marcelo D2 – Lodeando (2003)
BLUESMAN – Baco Exu Do Blues (2018)
Linn da Quebrada – Oração (2019)
Diretoria – Tasha e Tracie (2021)
Anitta – Aceita (2024)
Videoclipes têm a capacidade de influenciar comportamentos, moldar tendências culturais e promover diálogos sociais importantes. Todos os clipes dessa lista, hoje, são grandes marcos que fazem parte da nossa história e cultura.
Videoclipes como “A Carne” de Elza Soares e “Vida Loka II” dos Racionais MC’s servem como verdadeiros atestados da realidade social e cultural do Brasil.
Assistir e valorizar nossos videoclipes é reconhecer e apoiar a expressão cultural. É promover uma apreciação mais ampla da arte e da cultura e celebrar nossa arte e nossa identidade. Mais do que isso, é incentivar a nossa autoria artística, valorizando a criatividade do nosso país e a diversidade que caracteriza a cultura nacional.