Mesmo sem a aguardada medalha de ouro, a equipe brasileira tornou-se a maior medalhista da competição e eliminou favoritos da modalidade.
Luana Silva em Teahupo’o, durante os Jogos Olímpicos de Paris | Foto: COB
O time brasileiro deixou o Taiti com duas medalhas e, sem dúvidas, marcou a segunda participação do surfe nos Jogos Olímpicos.
No masculino, Gabriel Medina e João Chianca protagonizaram baterias super disputadas e com direito a high score, enquanto no feminino, Tati West chegou à final, eliminando a líder do ranking mundial, distribuindo coragem ao enfrentar o chão de corais de Teahupo’o em diversos momentos.
Luana Silva e Tainá Hinckel, que estrearam nos tubos do Taiti durante a preparação olímpica, foram até as fases finais, e Filipe Toledo voltou com tudo às competições, após o afastamento por questões de saúde mental. Nossos atletas mostraram porque o Brasil é o campeão de medalhas na modalidade e provou que ainda vamos aparecer em muitos pódios.
É claro que as expectativas em relação ao Brasil não eram baixas, mas considerando as condições do mar de Tahupo’o e o peso da lycra de outros surfistas da competição, nossos atletas surpreenderam e se despediram dos jogos em alto estilo.
O primeiro grande destaque foi a classificação direta de Luana Silva para as oitavas de final, junto à estreia de Tainá Hinckel no primeiro dia de competição.
As duas tiveram o primeiro contato com os tubos de Teahupo’o durante a preparação olímpica, poucos dias antes do início dos jogos, e conquistaram a primeira e segunda posição na bateria eliminatória, contra a alemã Camila Kemp. Luana encontrou um ótimo tubo, que rendeu um 4.50 para a surfista, garantindo a sua classificação.
Para se classificar, assim como Luana, Tainá teve que enfrentar a canadense vice-campeã Pan Americana Sanoa Olin. Mesmo sem encontrar os tubos perfeitos de Teahupo’o, Tainá apostou nas ondas de manobras e brilhou com batidas fortes, em ondas grandes e com bastante volume.
A catarinense, que é a atual campeã brasileira, era a única integrante do Time Brasil que ainda não compete pela elite do surfe mundial, porém, sua participação nos Jogos Olímpicos mostrou que a surfista tem talento para surfar entre os melhores do mundo.
Tainá Hinckel – campeã brasileira – em Teahupo’o | Foto: COB
Já nas fases finais, assistimos Gabriel Medina conquistar a maior nota olímpica do surfe (9.9) e protagonizar a foto que ficaria marcada como uma das mais bonitas dessa edição. Em uma revanche esperada pela torcida brasileira, Medina enfrentou Kanoa Igarashi, que o eliminou da final olímpica de 2021.
Mostrando muita determinação desde o início, Gabriel encontrou um lindo tubo em sua segunda onda, com a técnica de quem conhece bem o mar do Taiti. O brasileiro saiu da cortina de espumas pedindo a nota 10, que não chegou por apenas um décimo. A cena ficou marcada nos jogos olímpicos, e rendeu muitos memes na internet e no mundo do surfe.
Gabriel Medina após conquistar a maior nota olímpica do surfe | Foto: Jérôme Brouillet
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A torcida brasileira nem teve tempo de recuperar o fôlego, quando João Chianca entrou na água atrás da classificação para as oitavas de final. Chumbinho fez uma das baterias mais acirradas dos Jogos Olímpicos de Paris, contra o marroquino Ramzi Boukhiam, que foi decidida no último minuto.
Depois de conquistar um 9.3 em um tubo espetacular, que colocou o marroquino em uma situação difícil, Chianca perdeu a liderança após seu adversário virar a bateria a 5 minutos do fim, com um 9.7.
Mesmo com pouco tempo e a pressão por uma excelente nota, o brasileiro arrancou um 8.8 e trocou sua nota mais baixa do somatório, garantindo a classificação.
João Chianca nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 | Foto: COB
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Para fechar a participação brasileira com chave de ouro, Tati West foi até a final da competição representando o Brasil.
Depois de eliminar a americana Caitlin Simmers – número 1 do ranking mundial, e adversária que já a havia vencido nas eliminatórias -, a gaúcha mostrou que é “osso duro de roer”, acreditando em todas as ondas remadas, em um mar com condições dificílimas, com poucas ondulações.
Tati surfou até o último minuto para garantir o ouro e em sua última tentativa, foi até o final da onda, acabando a prova na bancada de corais da praia de Teahupo’o. Um ato de coragem e demonstração da alteta que é: talentosa, corajosa e determinada.
Tatiana Weston Web garantiu a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Paris | Foto: COB
A inclusão do surfe nas olimpíadas, atrelado ao pódio consecutivo do Brasil na disputa, abre espaço para que mais pessoas conheçam a modalidade e se identifiquem com ela. No longo prazo, a popularização do esporte no Brasil também contribui para futuros atletas – olímpicos ou não – que podem representar o Brasil neste esporte no qual somos tão talentosos.